quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Caos em Itapevi - Deslizamento


O buraco com cerca de 50 metros de diâmetro se abriu 26 de janeiro de 2010 à noite na rodovia SP-29, que liga Itapevi à Jandira e à rodovia Presidente Castello Branco,deixando a cidade isolada, engolindo um carro do DER (Departamento de Estradas de Rodagem).

“Segundo engenheiros que estavam no local do acidente, o deslizamento foi provocado pelo desmatamento de um terreno para a construção de um heliporto.A água que desceu da encosta do morro entupiu a tubulação,infiltrando por baixo da pista e provocando o rompimento do asfalto. O fenômeno é chamado de solapamento pelos técnicos.” (fonte : http://redebomdia.com.br/Noticias/Dia-a- dia/10781/Cratera+em+rodovia+deixa+Itapevi+sem+acesso+a+Castello )

Veja o vídeo observando o detalhe do DESMATAMENTO . No Mapa da Emplasa e IPT - Carta de Aptidão Física, terrenos com características físicas de Granito e Gnaisses em ENCOSTAS precisam de restrições e controles RÍGIDOS DE OCUPAÇÂO .

Parece que este não foi o caso e mais uma vez a canetada resolveu MODIFICAR A NATUREZA.

CATÁSTROFES PREVISÍVEIS escritas com a tinta e o papel da irresponsabilidade para o CAOS da cidade de Itapevi.



Entenda o porque do desabamento na Rod. SP 029

Entenda o porque do desabamento na Rod. SP 029

Conheça as características Físicas do solo no Mapa abaixo


Clique no mapa para ampliar


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Chove Chuva
Chove sem parar

Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
De molhar o meu divino amor...

Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flôr...

Por favor, chuva ruim
Não molhe mais
O meu amor assim...

(Jorge Ben Jor – Chove Chuva)




Chove Chuva
Chove sem parar



Para evitar as tragédias anunciadas

São Pedro não é o culpado e nem as preces vão ajudar a afastar o flagelo das enchentes e escorregamentos de terra.

Por se tratar de um processo natural, os órgãos públicos deveriam obrigatoriamente ser capazes de ter um planejamento, a fim de evitar acidentes, identificando as áreas de risco e restringindo a ocupação às áreas viáveis.

A região do empreendimento do Alphaville-Vila Florestal- Reserva Cotia da Gafisa, situada nos municípios de Itapevi e Cotia, está inserida no Domínio da Mata Atlântica no planalto de serras entre 400 m e 1000 m.

A Implantação de loteamentos em uma área de topografia com caimentos acentuados e com um solo instável, normalmente provoca processos de assoreamento e erosão pela movimentação de terra devido aos cortes e aterros.

A composição do solo do empreendimento, mais conhecido como “Granja Carolina” é problemática, conforme atesta o histórico da ocupação do loteamento vizinho, Vila Verde (antigo TRANSURB), que demonstra constantes problemas de assoreamento de lagos e nascentes e degradação do sistema interno de escadas hidráulicas .

O solo da região é de composição siltoarenosa , uma vez desprotegido, se desprende com facilidade com a ação das chuvas.

Os cursos d’agua, nascentes, córregos e lagos, sofrem também com o carreamento para o seu leito de materiais construtivos das casas, como areia e brita, armazenados de forma inadequadas e sem proteção.

As águas de chuva, com a enxurrada em terrenos com declividade alta, precisam ser conduzidas via escadas hidráulicas até locais mais baixos, de modo a corrigir e disciplinar o fluxo destas águas, medida técnica preventiva dos processos de carreamento do solo pelas águas.

Logo, a grande movimentação de terra prevista no empreendimento para a área da Granja Carolina, desde a sua implantação, necessitará de mecanismos que possam conter as águas a fim de não esgotar o sistema de absorção natural nas várzeas naturais da cidade de Itapevi e Cotia.

As várzeas naturais, da cidade de Itapevi, responsáveis pela absorção das águas, hoje já estão esgotadas, provocando inundações constantes ao longo do córrego do Ribeirão, Estiva e Barueri Mirim. Com o aumento significativo dos sedimentos, a situação poderá piorar ainda mais, devido a prevista diminuição da capacidade de absorção com o assoreamento das várzeas naturais.

Isto, por si só, constitui em um grave problema ambiental como vemos assistindo nas últimas chuvas de verão de 2010 em inúmeras regiões do país.

Como a declividade e perda de solo estão interligados, quanto maior for a declividade maior também será a velocidade das águas, conseqüentemente, maior será o volume de sólidos carreados devido a força erosiva.

Em alguns lugares, no projeto de ocupação de responsabilidade da empresa Alphaville Emprendimentos/Gafisa na região de Coti e Itapevi, a declividade é acentuada, necessitando de rampa e escadas hidráulicas com capacidade de diminuir a velocidade de escoamento, por este estar, correlacionado com os sistemas erosivos do solo.

A área já apresenta problema em alguns pontos como demonstra o próprio Eia-Rima feito pela Alphaville ( segue trecho do Eia-Rima):

possíveis ocorrências de depósitos de materiais transportados como corpos de tálus e de coluvião; cicatrizes de rupturas e antigos escorregamentos; processos erosivos antigos e atuais; áreas de exposição de solo; afloramentos de rocha; assoreamentos e demais fenomenologias naturais ou decorrentes de ação antrópica.[1]

Por ser cumulativo, e caso apresente caráter persistente, pode atingir córregos e rios da sub-bacia do rio Barueri-Mirim (São João do Barueri) e do rio Cotia, estendendo-se para os municípios.

Nos taludes dos cortes e aterros, os assoreamentos seriam decorrentes de erosões lineares profundas e escorregamentos, tendo caráter localizado nos sistemas de drenagem superficial e generalizado nos talvegues e córregos vizinhos, onde, em função dos volumes de material mobilizado, também provocariam turbidez. As obstruções provocadas criariam novos focos de erosão pelas concentrações de fluxo, e novas instabilidades, tendendo a agravar o processo.

As pilhas de detritos e materiais (descartes ou solo orgânico estocado para os serviços de revegetação) estarão sujeitas às erosões laminar e profunda, com o conseqüente assoreamento de valas, canaletas, caixas hidráulicas e córregos, e eventuais rupturas de taludes.

Trata-se de impacto de natureza negativa, pois representa uma perda para o sistema natural local; e indireto, pois decorre de processos erosivos eventualmente desencadeados.

A duração do impacto é temporária, ocorrendo apenas quando houver chuvas, e se manifesta de forma localizada em alguns pontos críticos do sistema hídrico, restrito aos elementos hidráulicos do sistema de drenagem superficial ou cursos d’água.

É reversível, pois com a adoção das medidas de controle, o impacto deixa de ocorrer; pelo seu caráter cumulativo, pode se estender por médio e longo prazos, caso não seja controlado.

Devido à extensão e distâncias envolvidas e ao fato das obras potencializarem valores elevados de mobilização de sólidos, sua magnitude e relevância são médias.

A significância, porém, é baixa para o meio ambiente físico, visto que se restringe a pontos isolados do sistema hídrico, podendo facilmente ser controlado pela adoção de práticas de minimização do transporte de sólidos para o corpo hídrico durante as obras.

As medidas mitigadoras indicadas compreendem a construção e manutenção de sistemas de drenagem superficial, monitoramento dos recursos hídricos superficiais e do comportamento do lençol freático (variações do nível da água, surgências e concentração de umidade) detalhadas no Programa de Controle e Monitoramento Ambiental das Obras.

Durante a operação, pode ocorrer o assoreamento de canaletas, caixas hidráulicas e drenagens, como conseqüência de eventuais processos erosivos e escorregamentos de cortes em solo e aterros.

Esse impacto estará relacionado aos processos erosivos e, portanto, será localizado, restringindo-se aos elementos hidráulicos dos sistemas de drenagem superficial. Eventualmente, caso atinja os talvegues e córregos da AID, terá caráter disperso, mas os volumes de material mobilizado serão pouco significativos.[2]

Todo este processo de degradação ambiental será agravado com a supressão de 37,5 ha de matas em estágio inicial e de 16,4 ha de matas mais evoluídas resultando na formação de um grande volume de material vegetal de proteção do solo retirado do empreendimento na Granja Carolina ( Projeto Vila Florestal- Reserva Cotia da empresa Alphaville Urbanismo - Gafisa situado nos municípios de Cotia e Itapevi).[3]

[1] EIA Projeto Vila Florestal – Reserva Cotia Capítulo 4 – Meio Físico l 23

[2] EIA Projeto Vila Florestal – Reserva Cotia Capítulo 6 l 16

[3] EIA Projeto Vila Florestal – Reserva Cotia Capítulo 6 l 25

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Será?

Será que as catástrofes ambientais do início de 2010, trarão lucidez a todos que desrespeitam as leis ambientais e as leis da natureza?

Muitas foram as vítimas inocentes nesta temporada de chuvas de verão, mas muitos foram os incautos, crédulos da boa sorte, ou das “vantagens” que os profetas das espertezas lhes prometeram: políticos e especuladores imobiliários.

Mas é assim que começa, também, a culpabilidade das vítimas nas tragédias anunciadas.

Assim, todos, depreciando a vida, secretamente, debocham do meio ambiente, não acreditam em seus sinais e esperam tirar vantagem.

Agindo como asnos, muitos são considerados “progressistas”, destes sem consciência, que se deixam levar pela mediocridade do consumo e diversão, de maneira implacável, não prevendo na sua audácia o preço das conseqüências.

Agindo como asnos, inventam a mentira de um mundo ideal, longe da geografia, da história, da geologia, da física, da química e das mudanças climáticas, acreditando numa vida afastada dos erros e imune às consequencias de seus erros.

Com efeito, são nas tragédias ambientais cada vez mais freqüentes em tempos de mudanças climáticas, que precisaremos vivenciar os erros, e viver a comoção da tragédia.

Numa sociedade motivada pelo consumo e pelas aparências, com facilidade somos atraídos pela fantasia e caímos nas ilusões promovidas pelos marketeiros.

A população cada vez mais longe das emoções verdadeiras que nos permitiria enriquecer nossas vidas, prefere o ideal de playground, onde cada um pode exercer a sua vontade e prevalecer o desejo do mais forte.

Eu quero, eu posso e que se dane o resto

Se existe uma Lei de proteção ambiental, numa canetada de um amigo “pulitico” abre-se uma brecha e está feita a vontade do corrupto e do corruptor.

Qualquer um sabe que muitos dos que hoje choram perdas dos entes queridos, a rigor, acabaram cedendo aos encantos do consumo e do pouco exercício de cidadania.

Na área da Granja Carolina-Alphaville, é preciso definir com critério se os riscos ou benefícios da ocupação pretendida serão, no final das contas, bons ou ruins para a cidade de Itapevi.

A análise de suas características geográficas, geológicas e ambientais, sua natureza real e concreta, bem longe das varinhas mágicas que permitem fazer com que todos arquem com os prejuízos.

Será que isto significa não evoluir?

Será que agir com cautela e inteligência não é ser progressista?

Muito pelo contrário, trata-se de avaliar com exatidão os efeitos, aceitando os limites e a finitude deste planeta, reencontrando um lugar na estrutura do real e nos adaptando tanto quanto possível à nova realidade das mudanças climáticas.

Características do solo da região do empreendimento Alphaville Granja Carolina, no empreendimento “ Vila Florestal – Reserva Cotia”

PROCESSO SMA 13.536/07, localizado entre as cidades de Itapevi e Cotia

(Clique na imagem para ampliar)