quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Chove Chuva
Chove sem parar

Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
De molhar o meu divino amor...

Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flôr...

Por favor, chuva ruim
Não molhe mais
O meu amor assim...

(Jorge Ben Jor – Chove Chuva)




Chove Chuva
Chove sem parar



Para evitar as tragédias anunciadas

São Pedro não é o culpado e nem as preces vão ajudar a afastar o flagelo das enchentes e escorregamentos de terra.

Por se tratar de um processo natural, os órgãos públicos deveriam obrigatoriamente ser capazes de ter um planejamento, a fim de evitar acidentes, identificando as áreas de risco e restringindo a ocupação às áreas viáveis.

A região do empreendimento do Alphaville-Vila Florestal- Reserva Cotia da Gafisa, situada nos municípios de Itapevi e Cotia, está inserida no Domínio da Mata Atlântica no planalto de serras entre 400 m e 1000 m.

A Implantação de loteamentos em uma área de topografia com caimentos acentuados e com um solo instável, normalmente provoca processos de assoreamento e erosão pela movimentação de terra devido aos cortes e aterros.

A composição do solo do empreendimento, mais conhecido como “Granja Carolina” é problemática, conforme atesta o histórico da ocupação do loteamento vizinho, Vila Verde (antigo TRANSURB), que demonstra constantes problemas de assoreamento de lagos e nascentes e degradação do sistema interno de escadas hidráulicas .

O solo da região é de composição siltoarenosa , uma vez desprotegido, se desprende com facilidade com a ação das chuvas.

Os cursos d’agua, nascentes, córregos e lagos, sofrem também com o carreamento para o seu leito de materiais construtivos das casas, como areia e brita, armazenados de forma inadequadas e sem proteção.

As águas de chuva, com a enxurrada em terrenos com declividade alta, precisam ser conduzidas via escadas hidráulicas até locais mais baixos, de modo a corrigir e disciplinar o fluxo destas águas, medida técnica preventiva dos processos de carreamento do solo pelas águas.

Logo, a grande movimentação de terra prevista no empreendimento para a área da Granja Carolina, desde a sua implantação, necessitará de mecanismos que possam conter as águas a fim de não esgotar o sistema de absorção natural nas várzeas naturais da cidade de Itapevi e Cotia.

As várzeas naturais, da cidade de Itapevi, responsáveis pela absorção das águas, hoje já estão esgotadas, provocando inundações constantes ao longo do córrego do Ribeirão, Estiva e Barueri Mirim. Com o aumento significativo dos sedimentos, a situação poderá piorar ainda mais, devido a prevista diminuição da capacidade de absorção com o assoreamento das várzeas naturais.

Isto, por si só, constitui em um grave problema ambiental como vemos assistindo nas últimas chuvas de verão de 2010 em inúmeras regiões do país.

Como a declividade e perda de solo estão interligados, quanto maior for a declividade maior também será a velocidade das águas, conseqüentemente, maior será o volume de sólidos carreados devido a força erosiva.

Em alguns lugares, no projeto de ocupação de responsabilidade da empresa Alphaville Emprendimentos/Gafisa na região de Coti e Itapevi, a declividade é acentuada, necessitando de rampa e escadas hidráulicas com capacidade de diminuir a velocidade de escoamento, por este estar, correlacionado com os sistemas erosivos do solo.

A área já apresenta problema em alguns pontos como demonstra o próprio Eia-Rima feito pela Alphaville ( segue trecho do Eia-Rima):

possíveis ocorrências de depósitos de materiais transportados como corpos de tálus e de coluvião; cicatrizes de rupturas e antigos escorregamentos; processos erosivos antigos e atuais; áreas de exposição de solo; afloramentos de rocha; assoreamentos e demais fenomenologias naturais ou decorrentes de ação antrópica.[1]

Por ser cumulativo, e caso apresente caráter persistente, pode atingir córregos e rios da sub-bacia do rio Barueri-Mirim (São João do Barueri) e do rio Cotia, estendendo-se para os municípios.

Nos taludes dos cortes e aterros, os assoreamentos seriam decorrentes de erosões lineares profundas e escorregamentos, tendo caráter localizado nos sistemas de drenagem superficial e generalizado nos talvegues e córregos vizinhos, onde, em função dos volumes de material mobilizado, também provocariam turbidez. As obstruções provocadas criariam novos focos de erosão pelas concentrações de fluxo, e novas instabilidades, tendendo a agravar o processo.

As pilhas de detritos e materiais (descartes ou solo orgânico estocado para os serviços de revegetação) estarão sujeitas às erosões laminar e profunda, com o conseqüente assoreamento de valas, canaletas, caixas hidráulicas e córregos, e eventuais rupturas de taludes.

Trata-se de impacto de natureza negativa, pois representa uma perda para o sistema natural local; e indireto, pois decorre de processos erosivos eventualmente desencadeados.

A duração do impacto é temporária, ocorrendo apenas quando houver chuvas, e se manifesta de forma localizada em alguns pontos críticos do sistema hídrico, restrito aos elementos hidráulicos do sistema de drenagem superficial ou cursos d’água.

É reversível, pois com a adoção das medidas de controle, o impacto deixa de ocorrer; pelo seu caráter cumulativo, pode se estender por médio e longo prazos, caso não seja controlado.

Devido à extensão e distâncias envolvidas e ao fato das obras potencializarem valores elevados de mobilização de sólidos, sua magnitude e relevância são médias.

A significância, porém, é baixa para o meio ambiente físico, visto que se restringe a pontos isolados do sistema hídrico, podendo facilmente ser controlado pela adoção de práticas de minimização do transporte de sólidos para o corpo hídrico durante as obras.

As medidas mitigadoras indicadas compreendem a construção e manutenção de sistemas de drenagem superficial, monitoramento dos recursos hídricos superficiais e do comportamento do lençol freático (variações do nível da água, surgências e concentração de umidade) detalhadas no Programa de Controle e Monitoramento Ambiental das Obras.

Durante a operação, pode ocorrer o assoreamento de canaletas, caixas hidráulicas e drenagens, como conseqüência de eventuais processos erosivos e escorregamentos de cortes em solo e aterros.

Esse impacto estará relacionado aos processos erosivos e, portanto, será localizado, restringindo-se aos elementos hidráulicos dos sistemas de drenagem superficial. Eventualmente, caso atinja os talvegues e córregos da AID, terá caráter disperso, mas os volumes de material mobilizado serão pouco significativos.[2]

Todo este processo de degradação ambiental será agravado com a supressão de 37,5 ha de matas em estágio inicial e de 16,4 ha de matas mais evoluídas resultando na formação de um grande volume de material vegetal de proteção do solo retirado do empreendimento na Granja Carolina ( Projeto Vila Florestal- Reserva Cotia da empresa Alphaville Urbanismo - Gafisa situado nos municípios de Cotia e Itapevi).[3]

[1] EIA Projeto Vila Florestal – Reserva Cotia Capítulo 4 – Meio Físico l 23

[2] EIA Projeto Vila Florestal – Reserva Cotia Capítulo 6 l 16

[3] EIA Projeto Vila Florestal – Reserva Cotia Capítulo 6 l 25

2 comentários:

  1. Vocês prestaram atenção estes dias ao que ocorreu em Itapevi?

    Falo do desmoronamento de grande trecho de uma estrada que liga a cidade à Castelo Branco.

    O motivo, quase nada divulgado até hoje, foi o desmate criminoso em topo de morro, o que deveria ser rigorosamente proibido, coibido, fiscalizado, etc....

    De um local alto, próximo de onde moro, vi esse crime ser cometido em pouquíssimo tempo e já imaginava que algo de ruim poderia acontecer.

    O desmate aconteceu em um ponto exatamente acima ao do desmoronamento!!!!!
    Tenho prestado atenção aos noticiários e, apenas hoje, no jornal Bom Dia SP da globo, um repórter chamou atenção para o topo do morro.

    Só pra lembrar: Grande parte da Granja Carolina está em Itapevi.

    Mais um crime, mais falta de respeito às leis, mais impunidade.

    Mário.

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  2. Rodolpho Mello - Voto Consciente3 de fevereiro de 2010 às 10:15

    Ola Pessoal ao ler seus relatos informativos aprendo. É bom ter pessoas como vcs.
    Rodolpho Mello

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meioambientegranjacarolina@gmail.com