quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cultura e Sustentabilidade na Periferia

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Na noite de sábado (09/01) para domingo, por volta da meia noite, a família de Marcelo foi acordada pelos vizinhos de baldes nas mãos, chamando-os com urgência por que o Chevette da Cooperativa estava pegando fogo! Mas não havia mais muito o que fazer, o veículo ardia frente aos olhares indignados dos amigos e vizinhos. Quando o fogo foi apagado, toda a parte interna, o motor e o capô estavam danificados; uma peça chave da atuação da Cooperativa de lixo reciclável estava inutilizada por um ato covarde de vandalismo, o galão de gasolina usado para atirar fogo no carro ainda estava ali perto. Mas por quê? A quem incomoda tanto o trabalho destes jovens?

O Jardim Japão é um bairro pobre, na altura do Km 53 da Bunjiro Nakao, cercado de muitas áreas de mata, na encosta do rio Sorocamirim, na divisa entre Cotia e Ibiúna, isolado do município com a emancipação de Vargem Grande. Em meio a este cenário, dois jovens resolveram agitar a comunidade para fazê-la refletir sobre os problemas locais e questões políticas e ambiental.

O início foi a montagem de um grupo de rap e hip-hop, com apresentações na rua da “união dos locos”. Após um pequeno estranhamento inicial, logo a comunidade adotou e apoiou estes jovens ativistas, Marcelo e Anderson, e as apresentações se transformaram em um Festival Cultural que ocorre todo ano, em setembro.



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De lá para cá, três anos se passaram, junto com Fernanda, o grupo fundou a ONG, ergueram a sede do movimento “Autonomia Libertária”, onde funciona a biblioteca comunitária, depois, a esta anexaram o centro cultural. Todas as construções foram feitas com tecnologias sustentáveis, como paredes de garrafas PET e pau a pique, chão com “palets”, banheiro seco e tratamento de águas por meio de canteiro de evaporação.

Sempre mantendo a música como um dos eixos de seu trabalho com foco cultural e ambiental, promovem cursos de instrumentos musicais, capoeira, oficinas, palestras, exibição de vídeos. Desenvolvem várias atividades junto à comunidade, como uma horta comunitária em parceria com a escola local, o plantio de mudas de árvores nativas, coleta e distribuição de alimentos para entidades beneficentes.

Há um ano, com Vermelho e Vagner, formaram a Cooperativa de coleta de lixo reciclável como forma de conseguir uma renda e também conscientizar a população. Espalharam pelo bairro grandes sacolas para depósito dos materiais pelos moradores que eram recolhidas na camioneta adaptada num velho chevete. Durante a coleta eles propagavam mensagens conscientizando a população sobre o excesso de consumo e o lixo.

O projeto ia de vento em popa, somente no ano passado, os quatro recolheram, e ao relento, separaram e destinaram à reciclagem uma tonelada de lixo. Agora, a coleta agora está prejudicada, o trabalho para recolher aumentou muito e o material reciclável se acumula nas ruas e esquinas.

Mas, ao contrario do que talvez se esperasse, esse evento negativo não intimidou essa iniciativa, mas fomentou ainda mais a união e solidariedade da comunidade e, com grande adesão, estão levantando dinheiro para a reforma do veículo através de doações e da organização de um bingo.

Perguntamos a quem incomoda tanto que a comunidade se organize, aumente sua união, promova e valorize a cultura local, conscientize-se e procure soluções para seus problemas e para questões ambientais?

Aqueles que quiserem se solidarizar ou colaborar com a campanha pelo novo veículo podem entrar em contato com a ONG pelo

email: andersona369@gmail.com .

Claudia Barreto Lins

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quem é o responsável?

Muitos ainda acreditam que as alterações das APPs ( Áreas de Preservação Ambiental ) propostas por espertinhos de plantão não afetarão as áreas urbanas.

Quem acredita nesta mentira deve ser favorável a política de extermínio em massa da população, pode parecer exagero, mas na prática o resultado é o mesmo.

Diariamente presenciamos estas máquinas de extermínio; prefeitos e vereadores deixando e fazendo vista grossa, favorecendo a permanência de pessoas em áreas de encostas (acima de 45º), topos de Morro e margens de rios e córregos.

Este gigantesco sistema da perversa politicagem só precisa da temporada de chuva para funcionar.

Não podemos esquecer que: depois das tragédias, sobre os mortos e prejuízos, os mesmos que facilitaram e incentivaram as ocupações irregulares, correm em busca de verbas para socorrer as vítimas.

Custa a acreditar que, sem a punição dos culpados, sem a responsabilização pessoal dos administradores públicos que facilitam a construção e manutenção desta situação, teremos uma verdadeira alteração da desordem ambiental que assola o país.

Sendo assim, este é a hora de avaliarmos os nossos representantes do tempo de seca e, hora de pensarmos melhor sobre nossa eterna mania do jeitinho e da flexibilização das Leis Ambientais.

Sempre que exigimos a seriedade e responsabilidade dos administradores públicos na aprovação de projetos imobiliários e no cumprimento das leis ambientes, somos chamados de RADICAIS, ECOCHATOS e BIODESAGRADÁVEIS.

Precisamos ficar atento não só a estas soluções paliativas, mas, principalmente aos diversos administradores municipais que são pressionados para facilitar ou agilizarem aprovações de projetos sem a devida preocupação ambiental, ou ainda em regularizarem ocupações irregulares, visando arrecadação com a velha desculpa do: já está consolidado.

São desculpas esfarrapadas que revelam a natureza corrupta dentro de cada um de nos; adestrados que fomos pelo espírito individualista do consumo, afastados do pensamento e responsabilidade com o coletivo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano 2011

A paisagem é para aqueles que podem, sabem e se importam com o destino de um lugar.


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A Turma da Carolina entre os marcadores da paisagem Oeste de São Paulo.