O Socorro necessário
“Foram depositados em 24 de junho de 2010, "a título de adiantamento", R$ 550 milhões a Pernambuco e Alagoas - R$ 275 milhões para cada -, para serem investidos em alimentação, água, saúde e reconstrução. De janeiro ao dia 16 deste mês, a União liberou R$ 535 milhões para todas as outras tragédias.
O volume é mais de três vezes superior aos R$ 143,7 milhões gastos com prevenção de desastres ambientais ao longo de 2009. Supera ainda em sete vezes os R$ 70,6 milhões liberados este ano com ações preventivas e é quase metade da soma - R$ 1,2 bilhão - que a União despendeu no Brasil inteiro para desastres e reconstrução.
Fonte : www.estadao.com.br
Entre a destruição, mortes e flagelo dos desabrigados, chama a atenção a imagem de tanques de álcool da Usina Laginha, que foram levadas pelas águas e aumentaram a destruição por onde passaram, reproduzindo um cenário de guerra.
As imagens amplamente divulgadas pela mídia, não deixam dúvida de que a ocupação urbana e a localização da USINA, tão próxima do Rio Mundaú eram temerárias, pois encontravam-se em áreas de Preservação Permanente _ APPs.
A usina é de Propriedade de João Lyra empresário do setor sucroalcooleiro, político filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e pai da Thereza Collor.
Foi Deputado Federal pelo estado de Alagoas, Senador Suplente e candidato ao governo do estado de Alagoas.
Na internet, no Wikipédia, é possível acessar sua biografia que menciona:
"Acusado de ter dado os tiros que matou o funcionário público, um ex-policial atribuiu o mando do crime a João Lyra e disse que recebeu R$ 48 mil pelo assassinato.
Não seria o primeiro crime cometido pelo empresário, segundo as acusações do mesmo ex-policial. Ele afirmou que o deputado teria assassinado um sargento que seria amante de sua ex-esposa, no início da década de 90. "
É um cenário de guerra?
As imagens são difíceis de acreditar, tratores retiravam a lama acumulada, cidades destruídas, uma desolação total.
Até os soldados do exército que chegaram para socorrer ficaram espantados, agora ninguém tinha dúvida.
É uma Guerra.
O número de desabrigados é grande e a desgraça costuma atrair gente de todo tipo, assim com não poderia deixar de ser, políticos e mais políticos, acreditam ser sempre bom aparecer nessas horas.
O mundo deles não é o mesmo do nosso, sujeito a chuvas e trovoadas; no lugar onde moram, os homens se beneficiam da insensatez, da hipocrisia e sabem manipular
tudo ao seu favor. Conhecem a fundo seus manipulados, suas fantasias e esperanças de querer viver como no comercial da TV.
A fantasia do intervalo da novela, lava a alma e autoriza a esculhambação da vida real do dia seguinte, assim vamos deixando a justiça, as reivindicações para o dia seguinte.
Entre um capítulo e outro, na pressa de chegar em casa, não dá para prestar atenção que a nossa indiferença autoriza a destruição bem articulada pelo descumprimento da lei que protegeria todos da violência das águas.
Mas não, a novela é mais importante, empurramos o dia a dia fazendo vistas grossas com a desgraça dos outros, que por sorte não é a nossa.
Mas não, a novela é mais importante, empurramos o dia a dia fazendo vistas grossas para a ocupação das encostas e das margens ao longo dos rios e córregos.
Como o povo, sempre precisa de tudo, este tudo pode ser o quase nada, e deixam tudo a mercê da sorte até o pior acontecer.
Sabidamente, nesta hora, aparecem oportunistas para tirar proveito do infortúnio dos já desafortunados.
Qual será a cara deles se lhes for perguntado sobre o desdém anterior, previsível, da precaução ambiental e do respeito às leis?
Bem, pelo andar da carruagem, eles, todos, não importa o partido nem crença ou religião, todos, literalmente todos vão ficar quietinhos e deixar as águas baixarem.
Dirão que agora não é um bom momento para se pensar neste assunto e que são muitos desabrigados.
A verdade é: sempre vale a pena arriscar, desafiar o ecossistema pelo “desenvolvimento econômico”.
A verdade é: as catástrofes, assim como as guerras, estimulam a chegada de dinheiro e a construção civil.
Esta prática é antiga, políticos e empreiteiros ficam doidos só de pensar nas verbas depois da desgraça alheia.
A verba, onde e como será aplicada?
Não é um assunto em pauta, o importante que a grana estará disponível e pode alimentar mais uma vez a máquina da insensatez coletiva; o mesmo e velho modelo de urbanização, se é que podemos chamar assim esta ocupação desenfreada das áreas de risco ambiental.
A exclusão de muitos, em benefício de poucos, socorre tudo depois da tragédia, sobretudo políticos em ano eleitoral, “mostra ação e sensibilidade, mas não, ninguém se toca para a falha gerencial", como bem criticou o diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco.
O Sr. João Lira, assim como outros também serão beneficiados.
Com a palavra o relator do projeto de mudança do código Florestal, Sr. Aldo Rebelo e outros que querem alterar uma lei que quase nunca é respeitada, gerando desgraças e mais desgraças, mas que se fosse respeitada evitaria o pior.
Se temos um futuro de incertezas, temos um passado de realidade que a novela e o canavial moderno não mudam, respeito as leis.