quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que eu ganho com isso?

É consenso que a criminalidade, a violência tem crescido nas áreas urbanas. A população, que experimenta em sua vida cotidiana os efeitos da violência, sente medo e espera o aprimoramento das leis.

Com as avaliações negativas, os indivíduos acabam reforçando o seu lado individualista.

O individualismo estimula a falta de relacionamento entre pessoas que convivem numa mesma área, propiciando território de circulação livre para os criminosos e os parias da sociedade.

Logo a necessidade de mais proteção contribui para a sensação de desconfiança e insegurança coletiva, tornando cada vez mais complexa a possibilidade de soluções.

Como é viver em comunidade na realidade brasileira?

É fato que historicamente somos individualistas e ainda não conseguirmos ultrapassar a barreira do individual para o coletivo. Carecemos de valores coletivos persistentes, mantemos sempre vínculos frouxos de envolvimento com o que é de todos.

Não gostamos de assumir responsabilidade com a coisa pública e com os problemas locais.

Talvez isto explique a perseguição pelo sucesso, preocupação excessiva com a moda, com a fama e as vantagens e seu lado mais obscuro: vantagens e sucesso a qualquer preço, mesmo que seja ilegal.
Numa sociedade como a nossa, o nível de competição entre os indivíduos dificulta a identificação entre conflito e competição. Fazemos valer diariamente o ditado: cada um cuidando de si na trilha da involução das relações humanas, só tem valor se tiver valor de troca.

- O que eu vou ganhar com isso?

Se não ganho nada individualmente respondo com a clássica: estou atolado de trabalho, preciso cuidar da minha carreira, não posso perder a oportunidade, não posso ir contra o progresso.

Sem condenar projetos individuais, para nós esta não é tarefa difícil, mas não agüentamos sacrificar interesses individuais para o bem comum, não temos empatia com nada além do umbigo, muitas vezes, o próprio filho.

Sem querer generalizar, mas esta é, sem dúvida nenhuma, a marca da nossa personalidade coletiva - o próprio umbigo.

Detestamos qualquer sacrifício em favor de um terceiro, isto nos parece insuportável.

É dentro desta premissa social que: preferimos desmatar área de preservação ambiental, mudar leis para favorecer interesses individuais, sermos campeões de desigualdade social e etc. e tal.

- O que eu vou ganhar com isso?

Você individualmente nada.

Agora você, como parte do coletivo, ganha coragem e lucidez para encarar a realidade é construir outro rumo de felicidade fora do próprio umbigo.

Um comentário:

  1. Foi um enorme prazer ler, hoje pela manhã, sobre um assunto que ha muito me incomoda, a personalidade “boazinha” do brasileiro.
    Sua face escura e suas conseqüências no aspecto das cidades.
    Sou arquiteta e sempre tive dificuldade de entender, como nos brasileiros aceitamos a feiúra e a pouca importância que damos aos espaços de convivência coletiva - ruas, parques e as imprescindíveis ciclovias.
    Alem de arquiteta, sou uma apaixonada por bicicletas e caminhadas.
    Sempre acreditei - acho que vou continuar acreditando - que os especuladores imobiliários são curtos no pensamento.
    Se eles investissem nestes espaços, teriam mais lucros e não teriam tantos inimigos. Estas áreas seriam com certeza absoluta, o mais cobiçado por todos, pela classe média em seus diferentes níveis.
    A cidade diminuiria o gasto com segurança e assim os famigerados condomínios.
    O que falta em São Paulo são espaços de natureza, espaços desta natureza e vida nas ruas – falta cidade.
    Acordem urbanistas e especuladores.
    Fica ai uma dica.
    Parabéns pelo blog – vou me manter anônima por questões profissionais.

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