segunda-feira, 29 de março de 2010

O incomodado que se mude?



Os valores simbólicos no espaço geográfico.


Hoje não temos, como antigamente, nossa identidade ligada à nossa profissão, herança ou moradia, características que contribuíam positivamente para a identidade individual e como referência na vizinhança e na comunidade.


As referências de pertencimento a uma determinada coletividade ou estrutura da comunidade, favoreciam o nosso desenvolvimento e de alguma forma a geografia física do lugar.

Com a aceleração do movimento de pessoas entre bairros e cidades e ao redor do mundo atrás de emprego e moradia, muitas identidades são quebradas e as estruturas de integração implodidas.


A idéia de pertencimento servia, tanto para proteger o indivíduo de opressão e violência ou visibilidade social no coletivo, como ajudava na manutenção de referências simbólicas na geografia dos lugares.


Hoje, tudo muda, sob a batuta de uma monocultura financeira, indivíduos fragmentados sentem-se cada vez mais desprotegidos e sujeitos a ascensão da criminalidade.


Como errantes, “refugiados”, sem podermos agir sobre as causas, tentamos agir sobre as conseqüências, sabendo que a qualquer momento teremos que alterar alguma ou toda rotina.


Perder e mudar de emprego, escola do filho, amigos, casa, dormir, comer, profissão, etc., todas as situações físicas ligadas ao ritmo da vida diária sofrerão interferências.


Os efeitos cumulativos da roda viva de mudanças acabam erodindo a nossa identidade, a solidariedade social, o bairro e as cidades.

A busca de modificação dos hábitos, bem longe de ser neutra, respinga sua conseqüência no espaço físico, dissolvendo as unidades de espaço e tempo, como um pequeno comércio local e a circulação de pessoas.

Se, esperamos construir um futuro para as nossas cidades, precisamos reconstruir referências simbólicas das personalidades fragmentadas.


Basicamente revitalizar, proteger o universo e as identidades individuais que sempre contribuíram para a identidade coletiva.

Podemos dizer que nas áreas urbanas, o legado que projeta a sociedade em direção ao futuro é a preservação da paisagem, preservação cultural, preservação ambiental, a preservação dos pequenos comércios de rua, referência de construção da memória social e a sua integração harmônica com a dinâmica econômica e o mercado imobiliário das cidades, através de ruas com calçadas, praças e ciclovias que estimulem a circulação de pessoas nos espaços públicos fora dos Shoppings, condomínios e supermercados.


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